sexta-feira, novembro 10, 2017

O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

(Álvaro de Campos, O que há em mim é sobretudo cansaço)

15 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Bom dia.
Pessoa trouxe para a literatura portuguesa algo que faltava. Um louco grande e genial.
Temos muitos na literatura ibérica. Teresa de Ávila, Juan de La Cruz e o maior deles todos, Don Quijote de La Mancha.Eles são loucos adoráveis , que fazem da sua loucura uma forma de grandeza e nos iluminam a alma.
Obrigado por este poema.
John Flores.

15/11/17 10:43 da manhã  
Anonymous Anónimo said...


Lamento muito , mas esqueci-me de uma palavra para a sua saúde.
Oxalá esteja melhor .
Vá dando notícias quando puder.
John Flores

15/11/17 10:59 da manhã  
Blogger Belogue said...

Eu queria....
Queria que isto que sinto passasse. Às vezes dá-me vontade de largar tudo, deixar tudo para trás.

15/11/17 10:55 da tarde  
Anonymous Anónimo said...



Um bom fim de semana, cara Beluga.

https://www.youtube.com/watch?v=QYEC4TZsy-Y

Jonh Flores

17/11/17 10:22 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Cara Beluga.
Deve saber que cerca de 70% da nossa comunicação é não verbal,isto é, o stricto sensu da palavra representa apenas 30% da comunicação (as percentagens variam um pouco mas têm sempre valores próximos destes). Isto explica porque é que a internet e a comunicação virtual são o reino do equívoco: faltam os 70% onde cabem o tom, os olhares, os odores, a postura corporal etc...que dão sentido e coerência a nossa comunicação.
Serve isto para dizer-lhe que embora tenha sido sensível ao teor dos seus últimos posts, nomeadamente o último comentário supra, é-me um pouco difícil dizer o que quer que seja para ajudar-lhe sabendo tão pouco, quase nada, sobre a situação.
A Beluga costuma ser coerente no que faz e escreve; três posts e um comentário em tom deprimido talvez sejam de facto um sinal de alerta. Eu tenho um mail alternativo que é o jorge.papageno@sapo.pt para onde pode escrever se quiser falar mais um pouco. Espero poder ajudá-la se for caso disso. Espero que já tenha percebido que terá um ouvinte atento ao menos óbvio.
Em alguns aspectos devemos ser parecidos: quando eu estou dépré , a melhor maneira de me levantar é pensar: leio autores que me obriguem a um grande esforço intelectual e que me encham. A Agustina costuma ser uma receita eficaz. Com Kant às vezes morro da cura. É por isso também que, esperando que um bom desafio intelectual a faça arribar aqui deixo-lhe mais um dos meus mistérios: não acha que o espelho no quarto do Van Gogh, onde aliás tudo está demasiado certo ( nem uma cama desfeita, nem um sapatinho debaixo da cama) está muito baixo? Então o homem fazia a barba sentado?
Jonh Flores

18/11/17 12:44 da tarde  
Blogger Belogue said...

Caro Sr. Flores

Boa tarde, como está?
Agradeço-lhe o seu comentário. Os dois comentários. Ao primeiro (o que contém o link), responderei com outro link. E não, não foi nada insensível. Gosto muito da música, mas não seria a minha escolha neste momento. Quanto a este último, agradeço-lhe sinceramente a atenção e amabilidade. Como compreenderá, não irei alongar-me: as nossas coisas ficam connosco. Sim, de facto os gestos são muito mais eloquentes que as palavras.

Foi uma semana (têm sido semanas) de muito trabalho e pouco ou nenhum reconhecimento. Não espero a kokoshnika Thurn und Taxis, mas pelo menos, menos drama. Também esperava que respeitassem os meus sentimentos (parece-me até mais fácil ter a kokoshnika...). De um modo geral, a literatura e a imaginação bastam-me, mas nesta semana, não me apeteceu a primeira e a segunda, foi-se.

Hoje em dia toda a gente fala em ser pró-activo, empreendedor, forte. Com isso faz-se tábua rasa daqueles que vivem as coisas de maneira diferente (talvez mais intensamente) e que, segundo esta lógica distorcida, são fracos. Eu quero pensar que não.

Estudarei o Van Gogh e em breve digo algo. Deixo-lhe só esta curiosidade: a semelhança entre o quarto de Van Gogh e o quarto da tela "The Rape" do Manet.

Até breve, beluga

19/11/17 12:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Cara Beluga.

Se me permite, fico mais descansado ao saber que apenas sofre por causa do mal nacional: a inveja. Somos em geral boa gente, mas muito invejosa e dada à pequena mesquinhez.

Lamento mas tenho que explicar-lhe que eu sou uma pessoa impulsiva , faço muitas coisas por instinto e gosto de arriscar: foi por isso que lhe dei um mail.O seu lamento pareceu-me amargurado.
Quanto ao Degas, acho que percebo aonde quer chegar: a cama está feita. Cabe perguntar onde, quando ou como foi a violação? Vou também pensar melhor sobre isto. Agradeço-lhe que me tenha assinalado esta pintura.
Terá a sua Kokoshnika e há-de fazer inveja aos Thurn und Taxis. Sobre este assunto devo dizer-lhe que magoa-me um pouco que diga que nestas semanas não recebeu reconhecimento. É certo que eu não sou o Rilke.
Tenha um bom fim de semana.
John Flores

19/11/17 10:49 da manhã  
Blogger Belogue said...

Caro Sr. Flores

De facto os gestos são mais eloquentes que as palavras. Parece que, como é hábito em mim, não me expressei bem. De qualquer forma, agradeço-lhe a amabilidade. Não foi a inveja, nem é a amargura, mas isso "eram mais quinhentos".

Quanto a Rilke...
“Se eu gritar, quem poderá ouvir-me, nas hierarquias
dos Anjos?" (...)

Boa semana e desculpe a minha falta de... eloquência.
beluga

19/11/17 11:05 da tarde  
Anonymous Anónimo said...



Cara Beluga

As palavras são, de facto, o seu métier.

Muito obrigado

Boa semana

John Flores

20/11/17 12:50 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Cara Beluga
Para explicar como é que entendo a pintura conhecida por” o estupro “ de Degas/ Manet , terei que falar de assuntos delicados. Espero fazê-lo sempre no tom adequado e conveniente.
Convém dizer primeiro que a pintura nem sempre foi conhecida por aquele título. Foi primeiro conhecida como “Intérieur”. Só passados alguns anos, os amigos de Degas passaram a nomeá-la por “a violação “. É certo que podem ter obtido a informação sobre o tema do quadro posteriormente, mas custa a acreditar que o pintor que fez tudo para tornar a cena ambígua permitisse que o seu verdadeiro tema fosse de repente revelado.
É geralmente aceite que a caixa que figura sobre a mesa e cujo interior aparece fortemente iluminado, é uma caixa de costura. Ora numa caixa de costura existem fios e isto leva-nos ao que considero ser o tema da pintura. Em francês, FIO diz-se FIL, que é quase ipsis litteris, a palavra francesa para FILHO, FILS. Parece-me que entramos assim no tema do quadro: trata-se da recusa de um homem em assumir a paternidade e responsabilidade por um filho seu de que uma mulher diz estar grávida.
A mulher dá por estar grávida pelas alterações no seu ciclo menstrual. A ser a gravidez o tema do quadro, seria natural que Degas/Manet fizesse referência àquele ciclo.
As senhoras francesas costumam referir-se de forma mais ou menos sibilina ao seu período menstrual como, “ avoir ses fleurs” ( esta é uma informação que apenas vi na net e não pude confirmar em mais lado nenhum pelo que não sei se será um código frequente, regional , etc. ). É provável que tenha sido esta expressão a inspirar Alexandre Dumas, que no romance A dama das Camélias, faz Marguerite Gautier usar uma Camélia vermelha para anunciar o seu impedimento mensal. Na pintura de Degas/ Manet, o papel de parede do quarto tem flores vermelhas como motivo. E começa aqui a parte em que lhe peço a máxima abertura de espírito e uma ingenuidade angelical.
Parece-me que na parede e no papel de parede está como que um calendário, o tipo de calendário que uma mulher podia fazer para registar as diferentes fases do seu ciclo. Na parede do fundo conto, sem grande rigor, 28 faixas verticais com flores vermelhas. 28 , o número de dias do ciclo menstrual. Este aspeto tem que ser mais estudado mas agora não tenho tempo.
Ainda referindo-se ao seu período menstrual, designam-no também as senhoras francesas por “ avoir ses ours”. Jour e our ( urso) são palavras homófonas “avoir ses ours” substitui por isso “ avoir ses jours”. Também as nossas adolescentes se referem aos seus dias difíceis como o Xico, usando, talvez sem saber, a homofonia desta palavra com cinco, que pode ser tomado como numero de dias médio do período menstrual. Ora, não parece ser necessário forçar muito os dados para ver na sombra do cavalheiro encostado à porta a sombra dum urso e não a sombra de um sátiro.

( CONTINUA)

22/11/17 4:23 da tarde  
Blogger Belogue said...

Caramba! Gostei muito. Neste momento não possuo as condições físicas para estudar a pintura, mas talvez amanhã já consiga ver este quadro no Google Art Project e confirmar o que me diz. Tiro-lhe o meu chapéu e espero a segunda parte da sua tese que publicarei em forma de post aqui no blog.
Boa noite e obrigada,
beluga

22/11/17 10:22 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

CONTINUAÇÃO

A palavra menstruação tem na sua etimologia , mensis, do grego mene, mês, ciclo lunar e até lua. Descubra a Beluga qual é a referência à lua que Degas faz neste quadro. Não sendo uma obra-prima, este quadro é um prodígio de invenção.
Eu penso que as coisas passaram-se assim: num encontro anterior, ela informou-o que estava grávida dum filho dele. Ele não terá reagido muito bem a notícia. Ela terá exigido ou que ele cumprisse as promessas de casamento, ou que aceitasse a paternidade, ou que aceitasse outras responsabilidades. Ele prometeu-lhe pensar e dar uma resposta. Neste encontro, ele terá chegado ao quarto dela nervoso. Ela estaria ansiosa e a costurar. Ele entrou. Despiu o casaco como sempre fazia e colocou o chapéu na a consola. Haveria um silêncio anunciador de desgraça. Ele passeou nervosamente pelo quarto e interrogado brevemente por ela, disse-lhe que não assumia a paternidade do filho. Ela ficou lívida, reagiu muito mal, naturalmente. Levantou-se. Atirou a peça de roupa que tinha na mão na direção dele e tomando consciência da sua imensa desgraça, desviou a cara dele, olhou para um canto escuro e pôs-se a chorar.
Nota: há quem veja sangue na cama. Ora se houvesse sangue na cama, o estupro teria sido na cama e esta estaria desfeita
Eu sei que devia dar isto à ler ao FLIP , mas parece-me que ele também não se safava no grego e no latim. Eu próprio devia reler isto e meditar mais. Fica para a próxima. Arrisco-me a fazer figura de urso.
Também sei que quando me indicou este quadro tinha em vista mais as questões de perspetiva. Ficam para a próxima.
Fique bem
John Flores

23/11/17 10:24 da manhã  
Anonymous Anónimo said...


Dona Beluga.
Agradecia-lhe que não desse qualquer destaque aos comentários do sr. Flores. Como diz o meu manager, são só words, words, words...
Parabéns! A srª é mãe de sete e eu já sou pai de quatro. Father of four. Tenho confiança que chego lá.

Cumprimentos

CR7

23/11/17 10:29 da manhã  
Anonymous Anónimo said...



Cara Beluga.

Ocorreu-me hoje que se ela estivesse grávida, talvez Degas tenha dado sinal disso na peça que ela costurava. E de facto parece ser assim. Repare que o corpete alarga em leque na zona da cintura. É claro que se pode dizer que todos os corpetes alargam em leque na cintura, mas essa é a única parte em que parece não está afilado, digamos assim.

John Flores

24/11/17 9:23 da manhã  
Blogger Belogue said...

Caramba... Tinha escrito um comentário, mas estive a ver e pelos vistos, não o guardei. Vou tentar voltar a escrevê-lo.

Uma abraço, beluga

25/11/17 2:07 da tarde  

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