segunda-feira, fevereiro 01, 2016

- ars longa, vita brevis -
hipócrates

ou como eu volto sempre ao Van Gogh, não é? mas não se preocupem pois este ainda não postei. estibe a inbestigar e certifiquei-me que ainda não postei. Vocês sabem que pintores como Van Gogh e alguns impressionistas foram influenciados pelas gravuras japonesas. Sempre me interroguei porquê. Porque é que de repente, os pintores impressionistas e pós-impressionstas começam a interessar-se por isso? Descobri agora. Durante muito tempo os portos japoneses estiveram fechados às trocas comerciais com o Ocidente. Quando abriram em 1853, houve essa troca comercial de produtos, mas também de ideias e imagens. Até à Europa chegaram muitas gravuras que surpreendiam a arte europeia pela simplicidade dos traços e pela temática do dia-a-dia, transitória porém apelativa. Para os franceses, o contacto com esta arte deu-se em 1867 quando o Japão se fez representar na Feira Mundial desse ano, embora já antes uma miríade de leques, quimonos, lacas e sedas tivessem sido  importadas pelos franceses. Foi justamente em Paris que Van Gogh teve contacto com a arte japonesa da qual admirava a simplicidade e elegância, bem como as áreas de cor plana, a cor intensa e o desenho marcante. Da admiração à aplicação foi um passo pequeno já que não só o seu irmão Theo tinha uma galeria de arte em Montmartre como o seu apartamento era próximo de uma outra galeria que vendia muitas gravuras japonesas. Vai daí, o Van Gogh fez-se à coisa. Isto é o mesmo que dizer: "fez-se à gueixa". Pegou nesta gravura de Keisai Eisen, um artista japonês. para falar a verdade, não percebo nada de cultura japonesa. nada. mas sei duas coisas relativamente à arte japonesa: por um lado os japoneses representam a realidade de cima, de uma perspectiva aérea, enquanto os ocidentais quase sempre usam um ponto de vista mais próximo do solo; por outro, na arte japonesa, cada elemento tem de ter uma relação com outro, influenciando-o (arte dos jardins).
 
O Van Gogh olhou para a gravura do Eisan, rodou-a, colocou mãos e pé à mostra e suavizou aquele voltar de tronco. A figura feminina do Eisan parece estar toda torcida (parece O Exorcista) enquanto a do Van Gogh olha apenas por cima do ombro. Acho que para isso também contribui o uso de uma paleta mais vasta em Van Gogh e que de resto contribui para uma maior e melhor distinção entre as partes do corpo da Cortesã.
 
 

















Keisai Eisen
Mirror of the age: la courtisane
1820




















Van Gogh
The Courtesan
1887
Van Gogh Museum, Amesterdão